Depois de me chocar mais com aquilo que choca sempre, com aquilo que toda vez traz repugnância e dor de ser humano, mudei de canal sem querer ver nada mais.
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Não queria simplesmente ver que o mundo mudou. Ele não mudou. Então, para minha surpresa o assunto era o mesmo. Mais repressão.
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Assisti "Olga". Impossível dizer que esse não é um filme comovente. Aquela piadinha - ora, não chore, é só um filme - não vale aqui. Era tudo verdade. É tudo verdade.
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Acho que essa é uma obra que por mais que se assista mil vezes, quando a tela fica preta não dá pra levantar e ir pegar um suquinho logo em seguida. Eu não consigo. Então, ainda naquele estado de choque, de falta de palavras, peguei meu controle remoto e mudei de canal. Mudei sem ver nada. Mudei e parei num lugar lindo, uma planice com pássaros belos e flamingos cor-de-rosa. Uma miragem? Não, uma visão. "Visões" na realidade. Ou então, uma imaginação. "Imagining Argentina".
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O filme já havia começado há alguns minutos. Demorou para que eu entendesse do que se tratava. Filme em português é terrível, mas o lugar era lindo e resolvi assistir. Segundos depois eu vi Antonio Banderas e pensei em mudar de canal, mas não. Fiquei ali.
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Aquela é a história de um homem que perde sua mulher (Emma Thompson) e sua filha para a repressão na Argentina. Ele recebe de repente o dom da vidência e dá para se imaginar o que ele vê. Mesmo assim ele não consegue encontrá-las e as horas que se passam se tornam angustiantes.
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Dirigido pelo roteirista britânico Christopher Hampton e rodado em Buenos Aires e arredores, o filme tem uma bonita fotografia e apesar dos elementos de um dramalhão-quase-hollywoodiano, vale a pena ser considerado pela atuação política. Afinal, até mesmo os fãs de um cineminha chorão de ocasião podem se deparar com um pouco de realidade, mesmo que maquiada.
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Pesquisando agora sobre o filme, vi que muitas críticas dizem que "Visões" é o "Olga" argentino, ambos cheios de pieguices e tals... Eu gostei do que vi. Acho que mesmo quando tudo está bem e maravilhoso, é bom nos lembrarmos que o mundo pode ser, já foi e será muito cruel.